CARTA
DOS JOVENS INDÍGENAS DO AMAJARÍ
·
Na
Revitalização da educação indígena familiar (através de intercâmbios de
famílias tradicionais promovendo oficinas de conhecimento tradicionais dos pais
e filhos na valorização cultural);
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Que
as escolas indígenas de ensino médio profissionalizante de acordo com a
realidade de cada povo com parcerias de instituições de ensino
profissionalizante;
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Escola
com uma concepção pedagógica de empreendimento e revitalização cultual através
do ensino-aprendizado teórico e prático (começar a se trabalhar com temas
contextualizados de acordo com nossa realidade);
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Trabalhar
o ensino contextualizando a realidade socioeconômica, política, territorial e
linguística com a concepção pedagógica indígena;
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Participação
dos jovens estudantes nas assembleias estaduais e regionais como prioridade de
ensino multicultural;
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Conscientização
das organizações, entidades governamentais, lideranças e pais sobre as
competências dos jovens indígenas na participação de projetos;
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Que
nós os jovens tenhamos autonomia nos nossos projetos voltados a
sustentabilidade, empreendimentos e gestão nos quais nós mesmos da
comunidade/região sejamos responsáveis;
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Que
na grade escolar seja colocado o ensino aprendizado desde o ensino fundamental
com projetos de pesquisa e o ensino médio profissionalizante e com projeto de
intervenção e estágio com bolsas de incentivos;
·
Regionalizar
a nossa merenda escolar.
2.
Saúde: Como enfrentar as
novidades do mundo moderno dentro das comunidades indígenas relacionadas à
saúde do jovem?
Que
o governo federal, Estadual e Municipal, planejem e garantam serviços
diferenciados à assistência à saúde adequada e de qualidade para os jovens
indígenas, com garantia de recursos necessários baseados na realidade da região
e respeitando as especificidades de cada comunidade, inclusive na priorização para
as formações e contratações do pessoal de saúde da comunidade local,
considerando as condições econômicas, geográficas, sociais e culturais
indígenas.
·
Drogas: Criar grupos de Trabalho para
elaborar palestras e material Educativo (grupo de jovens da região, capacitados
com as instituições parceiras sejam na área educação, saúde, sustentabilidade,
economia, terra, cultural e social).
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Álcool: Estimular a interlocução entre
as instituições da saúde e da educação.
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Gravidez Precoce, DST/AIDS,
Tabagismo: Que a
SESAI crie e assegure uma coordenação de saúde voltada para jovens indígenas;
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Anabolizantes: Estimular práticas esportivas na
escola e comunidade geral.
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Trânsito: Realizar aulas de educação no
trânsito nas escolas.
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Remédios e Alimentos
industrializados:
Realizar projetos como: Horta Escolar, Roça Comunitária, Criação de aves,
Piscicultura, Bovinocultura, e plantas medicinais, para uma saúde alimentar
adequado. (2) Capacitar jovens das comunidades com cursos técnicos em
agronomia, jornalismo, medicina e outros incluindo os cursos e técnicos
buscando parceiras juntos aos órgãos competentes;
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Internet: Promover oficinas e debates
sobre o uso da internet: Benefícios e malefícios na saúde do jovem.
3.
Economia: Como pensar em gerir
instrumentos que garantam a sustentabilidade econômica?
Que o governo federal, estadual e
municipal melhore a infraestrutura das pontes recapeamento das estradas das
comunidades indígenas da região para que haja um escoamento de nossas produções
agrícolas e outros. Que possamos ter parcerias das instituições e entidades
para que possamos melhora a economia regional e de cada comunidade na
realização de cursos e etc. Propostas feitas:
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Criação
da I Feira de produção dos jovens indígenas do Amajarí e uma estadual;
·
Reciclando
a vida (coleta seletiva dos lixos dentro de nossas comunidades envolvendo os
agentes ambientais, AISAN, AIS e comunidade);
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Jovens
Pecuaristas: cursos técnicos para jovens pecuaristas.
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Qualificar
os pequenos empreendedores (panificação e artes plásticas e outros);
4.
Direitos e deveres: Como garantir
os direitos e deveres da juventude indígena sem ferir a tradição?
Que as instituições respeitem a
forma de organização das comunidades, que haja parceiras para sensibilizar a
proteção, educação, trabalho, saude das crianças e jovens de nossas comunidades
respeitando nossas especificidades. Propostas feitas:
5.
Meio Ambiente e desenvolvimento
sustentável: Como a juventude pode pensar em gerir os instrumentos que garantam
a defesa do meio ambiente, território, social e cultural da nossa região?
Embora tenha havido avanços na
defesa dos direitos dos povos indígenas, ainda nos deparamos com graves
problemas que afligem nossas comunidades indígenas principalmente na área da
educação, saúde, desenvolvimento sustentável, demarcação e regularização de
nossas terras, devido à política governamental que não respeita os costumes e
tradições de nosso povo.
Nesta direção, a juventude
organizada nas bases se fortalece para lutar e beneficiar os povos indígenas da
região e do estado, estando preparada para discussões e participação nos
diversos espaços com o domínio das políticas publica.
Queremos participar e discutir junto com as demais lideranças as
questões indígenas e as especificas dos jovens, bem como o apoio dos mesmos
para que esta mobilização juvenil possa crescer garantir a continuidade das
lutas, tradições e culturas indígenas.
Não há leis nem políticas
especificas para a juventude indígena no Brasil, mas temos o anseio por ocupar
os espaços voltados para a juventude, seja nas comunidades seja nos âmbitos
governamentais e nas organizações indígenas.
Nós jovens muitas vezes ainda tratados como
incapazes e vistos como pessoas que não querem nada ou não valorizam as
culturas dos nossos povos, este encontro vem para mostrar que a juventude
apenas precisa de oportunidades de participação e credibilidade, ou seja, é de
fundamental importância que as lideranças e organizações indígenas apóiem a
juventude para que esta possa concretizar seus anseios e inserção nos movimentos
indígenas em nossas comunidade e região.
Assim nos Jovens Indígenas assinamos esta
Carta para que seja enviada aos parceiros, organizações e demais interessados.
Comunidade Indígena Araçá- Terra Indígena Araçá- Amajarí-Roraima, 1 de setembro de 2012.