segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Professores indígenas apresentam dossiê sobre escolas, na Assembleia Legislativa de Roraima

Representantes da Organização dos Professores Indígenas assinaram dossiê entregue à Comissão de Educação
 


Representantes da OPIRR (Organização dos Professores Indígenas de Roraima) entregarem, esta semana, ao presidente da Comissão Permanente de Educação, Cultura, Desportos e Saúde da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE/RR), deputado Joaquim Ruiz (PV), um dossiê sobre a situação precária das escolas indígenas do Estado. A secretária estadual de Educação, Lenir Rodrigues, também esteve presente à reunião.

No documento consta que as escolas estão com a estrutura física degradada pela ação do tempo, além de não atenderem à demanda exigida pelas comunidades. Os professores reclamam da falta de reforma e ampliação das unidades.

Em outros casos, segundo o dossiê, a construção das unidades de ensino foi iniciada, mas há anos está parada, sem previsão para a conclusão. Diante da necessidade dos alunos, existem comunidades onde as escolas foram erguidas pelos próprios indígenas, com materiais e recursos próprios.

“Nas localidades onde não existem escolas, o jeito é improvisar e dar aula em baixo de árvores ou em barracões da comunidade. Predominam as edificações improvisadas, erguidas com fito de atender as necessidades imediatas de uma escola regular”, comentou o deputado Joaquim Ruiz ao ter acesso ao documento.

O dossiê apresentado à Comissão de Educação foi elaborado por professores que representam as etnias Macuxi, Wapichana, Yekuana, Ingarikó, Wai-Wai, Yanomami, Patamona, Sapará, Taurepang pertencentes às regiões do Amajari, Baixo Cotingo, Murupu, Taiano, Raposa, Serras, Serra da Lua, Surumu, Ingarikó, Wai-Wai e Yanomami.

Conforme o coordenador da Opirr, professor Telmo Paulino, a precariedade nas instalações das escolas indígenas é um problema generalizado. Durante a reunião, foi buscado relatar as dificuldades enfrentadas pelos educadores e alunos indígenas que há anos perduram sem solução.

“A situação das escolas em várias regiões é precária na parte de infraestrutura. Tem escolas que aguardamos a reforma há dois ou três anos e outras que estão com a construção parada apenas no baldrame e com metade da parede levantada. Dinheiro tem, agora como fazer para chegar lá na ponta é o desafio”, comentou Paulino.

A parte estrutural das escolas indígenas foi o foco da reunião, mas problemas relacionados com a distribuição da merenda escolar, o atendimento do transporte escolar e as condições das estradas de acesso às unidades escolares também foram pontuados.

Diante dos relatos, o deputado Joaquim Ruiz disse ser necessário envolver os segmentos da área federal para se fazer um trabalho integrado com o Estado para, principalmente, recuperar áreas críticas das estradas e garantir que a merenda e o transporte escolar atendam aos alunos.

O parlamentar destacou que esta é a hora de se estabelecer critérios e prioridades, já que o momento é de discussão para definição da peça orçamentária do Estado para o próximo ano. Ruiz integra a Comissão Mista criada pela ALE para acompanhar o processo. “Há disponibilidade financeira, vamos interceder agora junto ao Governo do Estado para atender as escolas com maiores dificuldades na infraestrutura física”, informou.

Conforme o deputado, a pretensão é priorizar ao menos dez escolas indígenas. “Além das que serão atendidas dentro do projeto da Secretaria de Educação, nós queremos priorizar com recursos do Estado mais dez escolas para que a gente possa atender dentro do orçamento 2013 e beneficiar as comunidades indígenas do nosso Estado”, adiantou.

SECRETÁRIA - A secretária de Educação, Lenir Rodrigues, convidada a participar da reunião, informou que foi aprovado junto ao Governo Federal um plano de ações articuladas para a construção, reforma e ampliação de 144 escolas indígenas.

“Só que os procedimentos burocráticos são dificultosos e nós precisamos, inclusive, da colaboração das próprias organizações e comunidades. Existem escolas com doze, dezoito anos sem reforma que não é resultado desse Governo. É necessário também que a gente lute para que as coisas andem. Os recursos podem vir sim, mas com os procedimentos legais atendidos”, disse.

Ela falou, ainda, da importância da ALE em ajudar na solução para as escolas indígenas. “A Assembleia pode nos ajudar muito priorizando algumas escolas para que essas sejam atendidas de forma emergencial”, destacou Lenir Rodrigues.

DADOS - Para atender os 14 mil alunos indígenas, existem em Roraima 227 unidades escolares, conforme o documento apresentado. Destas, a maioria apresenta problemas estruturais. A falta de reforma e até mesmo a construção inacabada das escolas nas áreas indígenas foram as principais situações relatadas.

A OPIRR, formada por 1.400 professores indígenas do quadro da União, efetivos e temporários, tem buscado apoio junto aos órgãos competentes e pedido socorro. Mês passado, um grupo de educadores se reuniu na frente da ALE em protesto contra as condições das unidades escolares.

Um comentário:

  1. Muito bom saber sobre a condição da educação indigena em Roraima.
    Parabens pelo trabalho.

    ResponderExcluir